Principal rodovia brasileira, a BR-116 apresenta um dos maiores índices
de acidentes entre as estradas federais que cortam a Bahia. Só nos três
primeiros meses do ano, foram 673 acidentes, o que representa 32% das
ocorrências registradas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e um total
de 386 feridos e 42 mortos.
Foram contabilizados 2.351 acidentes em estradas baianas, sendo que a
BR-116 está em segundo lugar no ranking, perdendo apenas para a BR-101,
com 709 sinistros.
A BR-116 é a maior rodovia totalmente pavimentada do país, com 4,385
quilômetros que passam por dez estados e ligam cidades importantes. Na
Bahia, ela passa pelos municípios de Abaré, Chorrochó, Macururé,
Canudos, Euclides da Cunha, Tucano, Araci, Teofilândia, Serrinha, Santa
Barbára, Feira de Santana, Santo Estêvão, Itatim, Milagres, Jaguaquara,
Jequié, Manoel Vitorino, Poções, Planalto, Vitória da Conquista e sai do
estado pelo município de Cândido Sales.
A razão de tantos acidentes e a solução para reduzir estes números são
facilmente apontadas pelo diretor da Cooperativa dos Caminhoneiros de
Capim Grosso, no norte do estado. "A pista é estreita demais e
necessita, urgentemente, da duplicação”, destaca Valdomiro Maciel de
Souza.
A cooperativa a qual representa tem 300 caminhoneiros de diversos
estados brasileiros. "Todos sofrem com os riscos das estradas, em
especial a BR-116, que tem o maior número de acidentes com
caminhoneiros, sem contar os assaltos”, conta Souza.
De acordo com o caminhoneiro, a pista curta, a falta de sinalização e as
curvas sinuosas também contribuem para tragédias como a do dia 22 de
outubro do ano passado, quando uma carreta dos Correios e dois
automóveis, um Gol e um Corolla colidiram na BR-116, nas proximidades da
fazenda Caçador, entre os municípios de Serrinha e Santa Bárbara e
deixou 5 mortos. As vítimas eram da mesma família.
A colisão ocorreu quando o condutor da carreta identificado como Hélcio
Duarte Bogado, 31 anos, perdeu o controle da direção em uma curva, foi
para o acostamento e acabou batendo de frente com o veículo Gol que era
ocupado por Martim de Jesus, 48 anos; a esposa dele, Maria Almira
Pereira de Jesus, 44 anos; os dois filhos do casal, Nadson Pereira de
Jesus, 19 anos, e Nadilson Pereira de Jesus, 16 anos; e Antônio Araújo
Pereira, 40 anos. A força da batida esmagou os corpos.
Coordenadora do Núcleo de Comunicação da PRF, Mércia Oliveira, destaca
que a BR-116 é uma rodovia antiga, construída na década de 70 e que já
não comporta o fluxo que recebe diariamente, com cerca de 10 mil
veículos, nos dois sentidos. "É preciso readequar esta rodovia a sua
atual realidade enquanto isso não ocorrer, infelizmente, os acidentes
continuarão ocorrendo”, garante.
O excesso de caminhões e carretas que utilizam esta rodovia, segundo a
porta-voz da PRF, agrava ainda mais os riscos na BR. "Fluxo urbano
cruzado com o fluxo pesado de estrada é um perigo”, ressalta. Para
Oliveira, a duplicação está mais que atrasada. "Desde 1994 que se fala
na necessidade de duplicar a 116 e isto deve ser feito o mais rápido
possível”, reforça.
Fonte: Cleriston Silva
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