
O promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse, em
entrevista ao G1, nesta segunda-feira (29), que a falta de
embasamento de provas alegada pela defesa para condenar Marcos Aparecido dos
Santos – o Bola –, não procede. Bola foi condenado a 22 anos de prisão por
matar Eliza Samudio e ocultar o corpo dela. "Embasamento há. É tanto que o
Tribunal de Justiça de Minas Gerais entendeu que havia elementos suficientes para
justificar o júri popular”, defendeu.
´Queria a absolvição´
O advogado Ércio Quaresma afirmou ao G1 neste
domingo (28) que o pedido de anulação do júri de Marcos Aparecido dos Santos –
o Bola – foi motivado pela ausência de provas contra o ex-policial. De acordo
com o defensor, a apelação tem como base o fato de a decisão ter sido
"manifestada sem base nos autos”. Quaresma questiona ainda a pena fixada ao cliente. "Eu não vejo lógica em um homicídio duplamente qualificado
ter a pena de um triplificado”, disse citandos as condenações dos réus Luiz
Henrique Romão – o Macarrão – e Bruno Fernandes, e ainda outros casos
semelhantes.
O recurso foi entregue à juíza Marixa Fabiane Lopes após a
leitura da sentença, ainda no plenário, no fim da noite deste sábado (27). O
advogado disse que "satisfação não há. Ele queria a absolvição", se
referindo ao sentimento do cliente diante do resultado do julgamento.
Outros dois réus
Com relação aos julgamentos de Wemerson Marques, o Coxinha, e Elenílson
Vítor da Silva, que estão marcados para começar a partir do dia 15 de maio, no
Fórum de Contagem, diferentemente do que foi pedido para Dayanne Rodrigues –
ex-mulher do goleiro Bruno –, Castro disse que pedirá a condenação de ambos.
"Dayanne, Jorge [Luiz Lisboa], Macarrão [Luiz Henrique Romão] e Bruno
entraram na trama no início. Já Elenílson e Wemerson entraram [no crime] no dia
6 [de junho de 2010] e foram até o dia 26 [de junho de 2010], quando Wemerson
entregou o bebê. A atuação deles no crime foi mais relevante”, destacou.
O promotor acredita que as penas devam ser superiores a cinco anos de
prisão por eles serem acusados de sequestrar Eliza e o filho dela, e mantê-los
em cárcere privado.
Coxinha era sócio de uma empresa de brindes quando o crime ocorreu e amigo
do ex-goleiro Bruno Fernandes e administrava o sítio do jogador, condenado a 22
anos e 3 meses pela morte de Eliza. Elenílson Vítor Silva trabalhava como
caseiro do sítio do jogador em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte.
Por estarem sob segredo de Justiça, Castro disse que não poderia
comentar sobre as investigações complementares do envolvimento dos policiais
Gilson Costa e José Laureano de Assis, apelidado de Zezé. O promotor comentou
também que a condenação de Bola e o que foi dito por ele durante o julgamento
não devem colaborar com as investigações dos dois policiais.
Também nesta segunda-feira (29), o promotor foi entrevistado no MGTV 1ª
Edição. De acordo com ele, o júri foi o mais difícil dos três do caso Eliza
Samudio, por causa da duração, o que resultou em "cansaço”. Ainda segundo Henry
Wagner, não houve "nenhuma colaboração de Bola”.
Sobre a apelação contra a sentença, feita pela defesa, o promotor
considerou que é um direito, mas ressaltou que há "prova robusta” no inquérito
e na denúncia. Ele se referiu ao condenado como "psicopata”, justificando que
Bola procedeu com "ritos” na execução de Eliza.
Sentença
O réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22
anos de prisão pela morte de Eliza Samudio e pela ocultação do cadáver da
ex-amante do goleiro Bruno. A pena determina 19 anos de prisão em regime
fechado pelo homicídio e mais três anos de prisão em regime aberto pela
ocultação do cadáver. A sentença foi lida pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues
Lopes, que presidiu o júri, na noite deste sábado. O júri popular, formado por
sete moradores de Contagem, onde foi realizado o julgamento, decidiu pela
condenação depois de seis dias.
Este foi o julgamento mais longo do caso Eliza Samudio. O goleiro Bruno
Fernandes, o amigo dele, Luiz Henrique Romão - o Macarrão -, e a ex-namorada do
atleta Fernanda Castro já foram condenados no caso.
O réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza
Samudio e de ocultar o corpo dela, disse durante seu interrogatório que
"jamais" mataria algúem, muito menos receberia por isso. A declaração
foi dada na manhã deste sábado (27). Bola respondeu às perguntas da juíza
Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, do promotor Henry Wagner e do advogado Ércio
Quaresma. Ele negou, nesta primeira parte, que tenha matado Eliza Samudio, e
disse que está preso injustamente há três anos.
Cadê o corpo?
A advogada Maria Lúcia Borges, que representa a mãe de Eliza Samudio -
Sônia de Fátima Moura - disse, na noite deste sábado (27), que a cliente esperava
que Marcos Aparecido dos Santos - o Bola - revelasse onde está o corpo da
ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, durante o julgamento ocorrido no Fórum de
Contagem (MG). "Ela tinha expectativa, mas eu já havia preparado ela que
dificilmente isso seria aberto hoje neste julgamento", afirmou.
´Dever cumprido´
O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse que está com a
"sensação de dever cumprido mais uma vez", após a condenação do
ex-policial Marcos Aparecido dos Santos - o Bola -, pela morte de Eliza Samudio
e pela ocultação do cadáver da jovem. A sentença foi dada pela juíza Marixa
Fabiane Rodrigues Lopes no fim da noite deste sábado (27). Bola foi condenado a
22 anos de prisão, sendo 19 em regime fechado.
Cronologia caso Eliza Samudio (Foto: Arte/ G1)Cronologia caso Eliza
Samudio (Foto: Arte/ G1)
Debates
Os debates entre a Promotoria e a defesa foram marcados por
ofensas durante o julgamento. Os desentendimentos foram entre o promotor de
Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro e os advogados Ércio Quaresma e
Fernando Magalhães.
"Eu nunca vi drogado ser herói. Eu nunca vi mentiroso crápula ser
herói", disparou o promotor. E completou: "Covarde, canalha, estúpido e
vagabundo. Quem não é homem é você, seu crápula".
As discussões partiram até mesmo para o âmbito pessoal: "A sua
vozinha de taquara rachada saiu no ´Fantástico´", falou o promotor para
Quaresma. Ele se referiu à reportagem que mostrou ameaça sofrida por Ingrid
Oliveira, atual mulher de Bruno. Na ocasião, Ingrid denunciou que sofria
ameaças de Quaresma. "Prostituta escalarte é a sua defesa, e a OAB [Ordem
dos Advogados do Brasil] é coisa porque não tomou providência para te
cassar", falou a Quaresma.
O advogado também retrucava. "Esse moço [Henry Wagner] tinha que
lavar a boca antes falar o nome da nossa instituição [OAB]", afirmou,
referindo-se ao promotor, que classifica como "alienígena" pelo fato
de ser de outro estado. O promotor é natural do Rio Grande do Norte.
"Eu provei que ele [o
promotor] é canalha", disse o advogado. Quaresma também fez referência à
história de Harry Potter. O advogado, por vezes, já se referiu ao promotor como
o personagem da literatura infanto-juvenil britânica.
Extorsão
Bola comentou também, em seu interrogatório, que ouviu do
então delegado Edson Morreira, no momento de sua prisão, o pedido de
intermediar que Bruno pagasse R$ 2 milhões para que o goleiro e o ex-policial
fossem inocentados no inquérito. À época da denúncia desta tentativa de
extorsão, em novembro de 2010, nem a Polícia Civil nem o próprio delegado
comentaram a acusação.
Amigos
Bola foi questionado pela juíza sobre as relações com o
policial Gilson Costa e o policial aposentado José Laureano, o Zezé. O réu
afirmou que conhecia Costa há 22 anos, e Zezé há cerca de três ou quatro anos.
Ambos são investigados por participação no caso após um pedido do Ministério
Público.
Sobre os advogados, Bola afirmou conhecer Ércio Quaresma há 20 anos e
Fernando Magalhães há cinco. Sobre Zanone Oliveira, que também o defendeu, o
réu falou que o conhecia há cinco anos.
´Animosidade´
Marcos Aparecido reclamou do tratamento que recebeu dos
delegados do caso. E falou especificamente da sua relação com Edson Moreira,
ex-delegado e hoje vereador na capital mineira. Ele disse que conheceu tem uma
"animosidade" com Edson Moreira desde 1991, quando o ex-delegado foi
professor do réu na academia de polícia, em Minas. Durante várias vezes eles se
desentenderam, afirmou o réu. Fonte: Globo |