
Carnaval só começa oficialmente amanhã, mas o
batuque das fanfarras, dos blocos independentes e das ferramentas que
finalizam as estruturas antecipam o clima da festa. "Já é Carnaval desde
sexta passada, quando o bloco e banda Habeas Copus, mesmo com greve da
PM, arrastou uma multidão, animando as ruas da Barra até as 6h da
manhã”, diz Sérgio Bezerra, 62, fundador do bloco Habeas Copus.
Nesta quarta, junto com outros 20 blocos de
percussão e instrumentos de sopro, o bloco fundado por Sérgio repete a
dose da última sexta e dos últimos 34 anos, com desfiles que lembram os
antigos carnavais de marchinhas, de confetes e clima familiar. O grito
de carnaval acontece hoje, a partir das 22h, no circuito alternativo
Sergio Bezerra, que tem se transformado em tradição.
Para um grupo de estudantes da Escola de Direito da
Ufba, a libertação para o Carnaval também começa hoje. Este é o primeiro
ano do bloco Alvará de Soltura, que junta amigos ao som de fanfarra.
"Com camisa e identificação de presidiários, o bloco prega a libertação
de todos para a folia”, diz o estudante Victor Campelo, que coordena o
bloco. A concentração é 22h, na Avenida Alameda Marques de Leão, próximo
ao restaurante Cabana da Cely.
Xupisco Nesta terça (14) à noite, a festa
foi comandada pelo Bloco Xupisco, que desfilou do largo da Vitória até
o bar Caranguejo do Farol, na Barra. Fundado há cinco anos, o bloco
contou com 800 foliões, todos de camisa rosa, animados pela Banda
Maresia, composta por músicos de filarmônicas de Santo Amaro. O lucro
com a venda das camisas vai para uma instituição de apoio a crianças
carentes no Bairro da Paz.
O repertório não ficou apenas nas músicas de outros
carnavais. "Tem marchinhas, mas de vez em quando a gente puxa um Saiddy
Bamba, Tchan, Ivete”, diz o percussionista Francisco Fan, também regente
da filarmônica Lira dos Artistas. Talvez por isso o público seja bem
diversificado. A médica Daniela Mazzafera, 41 anos, foi conferir a festa
pelo caráter beneficente. "Isso faz toda a diferença. Além de ser mais
tranquilo e ter gente jovem”.
O Carnaparóquia Folia é outra opção - mais
comportada - para quem quer fazer hoje o esquente do Carnaval. Realizado
pela Paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Tororó, no centro,
haverá concurso de fantasia, de Rei Momo e de Rainha do Carnaval em um
baile para recordar e curtir. "Esse é um grito de Carnaval familiar para
resgatar as marchinhas e a folia de antigamente”, conta o padre Adriano
Franco. Às 18h, a festa é das crianças até as 20h, quando começa a
folia dos adultos. Os ingressos custam R$ 5 e a festa acontece ao lado
da Paróquia, no Tororó.
No final da tarde de ontem, representantes de
diferentes crenças religiosas se reuniram na Igreja de São Francisco, no
Terreiro de Jesus, para fazer seus pedidos para o Carnaval 2012. "Pelas
situações que temos passado na cidade, e com o início dos festejos,
achamos importante fazer uma conexão com o sagrado para que tudo
transcorra com paz, harmonia e respeito na folia”, explicou Ana Santos
representante da União de Sociedades Espiritualistas.
Estrutura Nos três circuitos, trabalho
intenso para os últimos preparativos da festa. Veículos de comunicação
finalizam os espaços onde farão a cobertura jornalística. No Campo
Grande, arquibancadas prontas. No Pelourinho, últimos ajustes da
decoração, repleta de bandeiras, máscaras e livros, que lembram o
homenageado Jorge Amado.
Desde a última segunda, a comerciante ambulante
Jocelia Silva Santos, 46, começou a ornamentar e preparar a barraca onde
vai vender bebidas e lanches, no Terreiro de Jesus. Mesmo com a
estrutura em fase de acabamento, ela e outros 16 vendedores já ocupam o
espaço. "Já estou aqui vendendo", conta Jocelia.
No local, ontem, apenas os postos de observação
elevado, usados por PMs para fazer a segurança, ainda não foram
montados, com previsão para ser concluídos hoje. No circuito
Barra-Ondina, o descarregamento de cargas foi grande durante todo o dia e
chegou a deixar o trânsito lento em algumas horas do dia.
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